ENTREVISTA: Keny Roger pronto para disputar os 100 mil reais do CRP
Na terceira posição do ranking do CRP, Keny Roger, de Pereira Barreto (SP), 21 anos, é uma das revelações do rodeio brasileiro.
Incentivado por um tio, Keny começou no rodeio cedo, aos 16 anos, já montava em seu primeiro rodeio profissional.
Essa entrevista aconteceu no segundo dia do rodeio Bom Viver em Lins (SP), 6ª etapa do Circuito Rancho Primavera. Para falar a verdade e compartilhar um pouco mais dos bastidores, eu nem estava com intenção de fazer nada com Keny.
Depois de levantar bem cansado, me direcionei ao café da manhã, passei pelo quarto de Keny Roger, que é dividido com Rafael Ribeiro líder do campeonato. Fui até o café lá encontrei alguns competidores, precisava de uma entrevista, mas decidi ali, que ia voltar falar com ele, Keny
Entrei no quarto, estava lá também João Pedro Rocha, conversamos e falei: Keny vamos fazer uma entrevista, ele olhou com cara de preguiça e aceitou.
Durante a entrevista, que estava sendo gravada em áudio, Rafael Ribeiro aumentou o volume da televisão, logo o repreendemos.
Mas ele, Rafael não ficou quieto ficou o passou tempo todo falando ao telefone. E com o gravado ligado comecei a entrevistar Keny, que sem levantar da cama, ainda debaixo das cobertas compartilhou um pouco de sua carreira.
Quem o incentivou a começar a montar e tão cedo assim?
Fui influenciado por um tio que era peão mas, quem me incentivou de verdade foi minha mãe.
Geralmente os pais são uma barreira no seu caso foi ao contrário, é isso mesmo?
Sim, eles sempre incentivaram minha mãe e meu pai, sempre quiseram que eu fosse peão de rodeio.
Você mora no sítio ou cidade?
Hoje moro na cidade, mas morei o tempo todo no sítio.
Onde foi seu primeiro rodeio?
Foi em Castilho (SP). Eu estava em primeiro lugar de nota na semifinal, fui esporear o touro e acabei caindo.
E sua primeira moto?
Foi no segundo rodeio, na cidade de Itapura (SP)
Você tem outro meio de renda?
Não, só faço isso, montar em touros.
São cem mil reais para o campeão. Sei que é touro por touro. Você pensa nisso, no dinheiro?
Pensa sim, mas vamos trabalhando touro por touro, cada touro que Deus prepara pra gente, vamos tentando vencer.
Como é Keny Roger fora das arenas?
Dedico-me para os rodeios treinando.
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Quantos touros por semana?
A média é três às vezes monto em um dia, dois, ou até três. Meu tio tem uma arena, vou lá toda semana.
Quais os benefícios do treinamento na prática (montando em touros)?
É muito bom, evita dores musculares, a gente fica mais confiante, o psicológico fica melhor e claro, no ritmo de montarias fica melhor.
Qual touro você mais respeita no CRP?
O Abadá, ele é o touro mais complicado em minha opinião.
Qual melhor momento de sua carreira?
Ano passado fui muito bem, esse ano ganhei meu primeiro carro, estou em um momento bom.
Qual momento mais difícil?
Foi quando bati o carro, perdi o rim fique dois anos parado.
Era voltando de um rodeio?
Sim era
Estava sozinho?
Não, estava com suas amigas vizinhas minhas.
- A próxima pergunta, não era para a entrevista, era por curiosidade.
Mas aconteceu algumas coisas com as meninas?
As duas faleceram!
- Neste momento olhei no fundo dos olhos de Keny, e enxerguei emoção, eu que não sabia desse acontecido fiquei mudo, e a única coisa que se escutava era Rafael Ribeiro ao telefone. Fiquei sem graça, assustado, e entristeci junto com Keny, mas segui.
Estava chovendo? Como aconteceu?
Era tarde da noite. Estava chovendo, só lembro disso.
Como você conseguiu se recuperar psicológico?
Não sei se recuperei, Só Deus para me dar forças. Ele que me dá forças.
Quais montarias suas você mais gosta?
Foi no Blindex, da Cia Terremoto e no Estilingue da Cia Shalon, ambas no rodeio de Rio Verde (GO)
Você tem algum ‘robby’?
Não, acredito que a única coisa que gosto mesmo é música.
Você gosta de um som alto, já percebi isso. Seus carros estão sempre bem equipados. Já exagerou em algum gasto? Qual seu estilo Musical?
Eu só ouço sertanejo. Quanto a gastos já cheguei a pagar oito mil em um som, exagero, acho que não faço isso mais não.
Como surgiu esse negócio da tralha de montaria rosa?
Na época, eu queria fazer uma tralha diferente, fiz rosa, e isso me projetou, foi uma jogada de marketing, muitas festas queriam o ‘cara da tralha rosa’. Claro que, alguns amigos tiraram sarro, mas nunca liguei.
Em sua opinião qual o segredo para ser campeão de um campeonato?
Tem que na verdade esquecer do dinheiro, ir trabalhando rodeio por rodeio, se pensar no dinheiro não ganha, vou fazendo meu trabalho, se conseguir, se tiver a chance de disputar, estou pronto.
Por Eugênio José - MTB: 67.231/SP
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Foto: Ricardo Mariotto