A notícia que Keny Roger  iria montar chegou ainda na terça-feira, após o almoço. Foi o Rogério Paitl que me disse por WhatsApp.

A decisão chegou em tom de espanto e alegria afinal, não é fácil lutar tanto até ali e desistir, sim a notícia tem uma pitada de loucura, mas quem somos nós para julgar ou interferir, eu só tenho que escrever.

Mesmo assim, segurei ela (noticia) por mais 24 horas. Na verdade, antes do prazo fiz o primeiro contato via WhatsApp as 9:12h da manhã.

Pedi para que ele entrasse em contato quando acordasse. A resposta veio as 9:56h

- O parceiro acordei agora – Disse ele pelo mesmo WhatsApp.

Na correria e, no cronograma eu teria a matéria do Danilo Torres no dia de hoje e me adiantei com a matéria e ao mesmo tempo em atrasei para falar com Keny.

Tudo que eu fazia, fazia pensando no Keny. As 14:16h tentei uma ligação: Caixa Postal, fiquei frustrado.

Uma nova tentativa as 14:37h, sozinho no meu escritório só ouvia o barulho do ventilador e dos caminhões que passavam na rodovia Raposo Tavares, enquanto o telefone tocou duas vezes e na terceira: “Fala Eugênio”. Nesse minuto começou a entrevista que vocês vão ler agora

E a primeira pergunta foi: Vai mesmo montar?

Vou sim, vou para cima

Como foi sua volta de Herculândia?

Vim para a casa normalmente e na segunda-feira pela manhã fui tirar um raio X para ver como meu pé estava.

Quando o médico viu a situação disse que precisaria operar de emergência naquela hora.

Tentamos convencê-lo para que a cirurgia fosse feita na outra semana, mas não tive tempo sequer de ir em casa buscar roupa, entrei imediatamente na sala de cirurgia. Eu corria sérios riscos, um deles era perfurar um veia, meu pé estava sendo segurado apenas pela pele. Imediatamente tomei a decisão de não montar mais.

O que passou na sua cabeça quando você havia decidido não montar mais?

Passa tanta coisa na cabeça, chegar na final e não poder lutar por aquilo que você lutou o ano todo, foi muito difícil ficar pensando em meio a tanta dor e tristeza, era isso que eu sentia naquele dia.

Como você chegou a conclusão que iria montar?

Justamente por estar pensando nas possibilidades de não entregar tudo assim, de uma maneira tão triste, sem tentar, eu precisava lutar. 

Alguém te apoiou dessa decisão?

Duas pessoas, meu pai e minha mãe. Eles disseram que se era essa a vontade do meu coração, que eles dariam todo o suporte.

Mas agora você está operado, não ficou pior sua situação?

Agora eu tenho sete pinos e platina segurando meu tornozelo e uma bota ortopédica apresentada pelo fisioterapeuta, isso vai me dar mais proteção e sustentação na hora da montaria.

O médico apoiou?

Não, mas ele disse que agora o tornozelo está mais protegido que antes e que não corre risco de quebrar.  Mas que dava para montar, mesmo eu estando ciente dos riscos.

Você se arrepende de ter montado domingo e piorado sua fratura?

De forma alguma, hoje eu me sinto realizado, se eu não tivesse feito aquilo, eu não estaria feliz, assim como não estava quando eu pedi para tirar meu nome da lista segunda-feira. Minha cabeça estava para aquilo: montar

 

A princípio, não colocarei esporas, mas estou estudando, adaptando algo para que eu consiga colocar, mesmo que seja sem roseta, só para dar um pouco mais de apoio sem forçar o tornozelo.

Você recebeu muitas mensagens nestes dias?

Nossa, nem tem como agradecer, foram muitas e acredito que foram essas pessoas as principais incentivadoras, e é por elas que estarei dando o melhor de mim dentro da arena de Quintana. Queria aproveitar esta oportunidade para agradecer todos.

Com tanta adversidade e fatores limitadores, como você está preparado para a disputa?

Estou confiante demais Eugênio, agora é entregar nas mãos de Deus