Aos 33 anos de idade, Fábio Lopes da Silva, tem a função de ajudar muitas pessoas dentro do rodeio.

Ele sempre está lá, pronto para permitir que a criança receba o abraço do pai, que a esposa abra a porta de sua casa para a chegada do marido. Ele sempre deixa tudo certo para que o competidor volte no outro dia para montar em outro touro.

Estou falando de uma função nada fácil, e de muita responsabilidade, salva-vidas de rodeio, estou falando de Popaye, um dos Salva-Vidas do Circuito Rancho Primavera.

Aos 33 anos, Popaye que é de Assis (SP), não vai poder entrar na arena de sua cidade na próxima semana para trabalhar, já que a CRP realiza etapa em casa na FICAR, em Assis.

Popaye se recupera de uma pancada no rosto, sofrida no rodeio de Lins (SP), em maio. Após se chocar contra o touro, seu rosto bateu no brete.

O resultado não foi agradável, maxilar fraturado em quatro lugares, nariz e alguns dentes quebrados, só volta as arenas no mês de julho.

Esse é o terceiro acidente mais grave na carreira dele, e levando a ordem inversa da cronologia, o segundo, foi a menos de um ano em Santa Albertina (SP), não foi do mesmo jeito, porém no mesmo lugar.

Na ocasião, fraturou o rosto do lado direito e o nariz perto do olho. Sim, o raio caiu duas vezes no mesmo lugar, ou no mesmo rosto.

A primeira vez que se machucou foi em Alvinlândia (SP), ele não lembra a data, mas relembra o fato, foi uma chifrada nas costas que resultou em um coagulo.

Assim é a vida do salva-vidas, cheia de riscos. – Foi o que eu escolhi para minha vida, eu tinha ciência e conhecimento de tudo isso, nunca queremos machucar, porém as vezes é inevitável – Explica

Ele entrou na profissão aos 22 anos de idade, tentou ser competidor e não deu certo, quis ficar no rodeio, começou com o Ricardo Sabino “Xuca”, por lá ficou pouco tempo, logo veio para o Rancho Primavera com o Rogério Paitl.

- Quando comecei queria ser alguém importante na minha profissão, estar no Circuito Rancho Primavera hoje, é a recompensa e consagração de suas metas. Estou realizado por estar aqui – Disse Popaye que já trabalhou em rodeios como Colorado, Jaguariúna, Ourinhos, entre tantos outros além de ser oficial nas etapas do CRP e teve como inspiração o salva-vidas da PBR nos EUA Rob Smets

Mas, nem tudo são glórias ou apenas uma contusão no corpo, em alguns momentos a dor vai além de física e em certo momento da carreira Popaye chegou a pensar em parar, foi em agosto de 2014 em Alvinlândia (SP), quando viu seu companheiro de trabalho e amigo “Neguinho” falecer.

- Foi o momento mais doloroso de minha carreira, e foi o único que de fato eu pensei em parar, ver o amigo morrer e você não pode fazer nada, foi muito doloroso, quase insuperável – Falou sobre o momento mais triste da carreira.

A força para continuar vem do pensamento no próximo – Quando penso nas vidas que ainda posso ajudar a salvar, me fortaleço para continuar – Explica

- Quando ele está na arena, eu fico tranquilo, sei que não estou sozinho, eu monto 100% despreocupado, sei que ele vai se jogar na frente do touro se for preciso para o boi não me pagar – Disse Rafael Marcelino vice-líder do campeonato.

- Amigo, dedicado ao máximo a sua profissão, vive ela com responsabilidade – Falou Ricardo Sabino Sabino, um dos primeiros a trabalhar com ele.

- Na minha opinião é um dos melhores, se entrega por inteiro, não tem medo do perigo que está a sua frente, ele pensa primeiro na integridade física do competidor, por isso tem nosso respeito - Disse Keny Roger atual campeão do CRP 

Muitos os chamam de anjos, mas o trabalho vai muito além disso, guerreiros à frente de uma grande e perigosa batalha contra um touro irracional e feroz. Essa é a profissão de salva-vidas.

- Se quiser ser salva-vidas dedique-se, treine, estude é uma profissão que não dá para ser um, precisar estar preparado – Finaliza aconselhando quem quiser entrar na profissão.

CIRCUITO RANCHO PRIMAVERA

O Circuito Rancho Primavera, realiza sua próxima etapa da FICAR – Feira Industrial e Agropecuária de Assis e Região. Em Assis (SP) entre os dias 30 de junho e 03 de julho.

Por Eugênio José – MTB: 67.231/SP

contato@eugeniojose.com.br

Foto Ricardo Mariotto