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O técnico agrícola que largou o laço comprimido para ser competidor em touros

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O competidor João Augusto Cezere, de São Miguel Arcanjo (SP), foi o grande campeão de etapa do Circuito Rancho Primavera em Santa Cruz do Rio Pardo (SP)

Foi a primeira vez que ele conseguiu uma fivela de campeão no CRP, e logo na primeira etapa, a fivela veio cedo.

Na verdade não, a fivela demorou chegar para “João Matraca” como é conhecido entre os colegas.

Antes de explicar porque a primeira fivela demorou, é preciso entender como esse competidor de 22 anos de idade chegou ao, rodeio e ao CRP.

E seu início foi como vários meninos, um bezerro aqui, outro ali, ele foi pegando o gosto por montarias, mas surgiu outra coisa que o fez esquecer por um período das montarias.

Ele participava da modalidade Laço Comprido, mas foi curta essa fase. Menor de idade, sua mãe fazia marcação serrada para que ele não montasse.

Segundo Matraca, ele não perturbava muito sua mãe não, mas uns bois que tinha em um confinamento o levo novamente para o esporte mais radical, tentou convencer a mãe, mas recebeu uma proposta diferente, que ele estudasse pelo menos o colégio agrícola, e assim foi feito

- Quando voltei da escola agrícola, tinha 17 anos, na verdade, no último ano de colégio agrícola eu pedi para minha mãe para montar no rodeio júnior de Barretos, ela deixou, montei bem, e acho que ali ela viu que eu poderia dar certo, eu queria montar, mas não esperava de verdade que isso seria minha profissão – Explica João que tem sua renda do rodeio.

Logo ele partiu para os rodeios, em um famoso bolão, lá em sua cidade, foi terceiro lugar, o primeiro rodeio profissional foi na cidade de Angatuba (SP), onde foi quinto lugar, era uma etapa da Ekip Rozeta e ali ele começou já montar nos rodeios por todo o Brasil e consolidando seu nome no rodeio profissional.

Em 2016 ele chegou ao CRP e a expectativa de estar disputando o título era grande mas, usando o termo correto, foi um ano ruim para ele, não conseguia um ritmo, e para ajudar ainda teve uma contusão que o afastou das arenas

- Eu montei mal e não foi a contusão responsável por isso, não estava acertando nos touros. Foi um ano difícil – Confirma

João me explicou que sempre montou em touros porque gostava, não pelo dinheiro, porém ele explicou que a paixão virou profissão e a partir de então, ele precisa do dinheiro para sobrevir e, enfrentar os touros com essa cobrança financeira torna tudo mais difícil

- Quando você vai para o rodeio com a pressão do ‘preciso ganhar’, ‘preciso’ pagar as contas, e ainda você começa a gastar o que você ganhou é muito complicado – Explica

- Tentei ficar tranquilo, mas nessas horas você pensa sim em parar de montar, mas com calma as coisas foram se ajeitando – Completa

Após sua contusão um distensão no braço, ele começou a entrar nas finais, entrou em duas finais dos três últimos rodeios que participou, incluindo a final em Quintana.

- Eu acredito que 2016 não foi um ano para ser lembrado, foi o pior ano de minha carreira, nem nos bolão, que eu sempre ia e ganhava quando eu estava parado, eu consegui ganhar, foi um ano para ser bem avaliado, mas foi ‘osso’, difícil, não foi fácil – Explica

Quando saiu de casa na quarta-feira, 18 de janeiro, ele disse uma frase para a esposa: “Preciso trocar de fivela, quero uma nova” e a frase deu certo

- Eu comecei o rodeio montando bem, mas quando eu cai no terceiro round, achei que a fivela tinha ficado para a outra hora. Quando sorteei o ‘’Nortão”, touro da Cia Tercio Miranda, sabia que era um touro que podia dar uma nota boa e acabou dando certo fiquei muito feliz” Fala sobre a conquista

- Para esta temporada, eu quero estar mais concentrado, desperdiçar menos touros, somar pontos, aliás, a boiada veio reforçada para essa temporada, vai ser mais trabalhoso, mas quero treinar certinho, e terminar onde estou, em primeiro lugar – finaliza

Demorou um ano, e entre altos e baixos ele soube administrar o que é mais difícil: MÁ FASE!  Ele retornou de contusão na etapa de Bauru (SP), foram vinte touros montados, vencendo dezesseis, um aproveitamento de 80%, ou seja, os números e o ranking provam que ‘João Matraca’ é um sério candidato a fivela de campeão em 2017.

Por Eugênio José – MTB – 67.231/SP

Foto: Ricardo Mariotto

 

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