A história de espera pela oportunidade de Malaquias Castro
O Circuito Rancho Primavera realiza em Assis (SP) DE 01 a 03 de Fevereiro a segunda edição do RADAR, uma oportunidade para o circuito descobrir novos talentos, oportunidade de novos talentos serem descobertos pelo circuito.
O FINAL DA HISTÓRIA
O começo desta história eu vou contar logo abaixo. Quero começar pelo fim, desta história, para enfatizar que a oportunidade quem faz é o competidor.
Em meio a dezenas de competidores de 2018, estava Malaquias Castro, de Itápolis (SP), tentando uma oportunidade no RADAR.
Naquela edição o competidor montava apenas em um touro, não deu certo, Malaquias caiu do touro, porém, o sonho dele não caiu, não ficou no chão.
“Quando deu errado, eu logo pensei que algum dia ia aparecer uma nova oportunidade, não pensei em outra coisa” Explica Malaquias
Ele não sabia que o RADAR seria um ponto marcante em toda sua carreira, haveria um antes, e um pós, RADAR em sua vida.
Depois de ser eliminado do RADAR, Malaquias ficou sabendo que havia outros radares em outras cidades durante o Circuito.
“Eu tentei na etapa de Guapirama (PR), mas não tinha mais vagas, foi quanto me encaixaram no RADAR de Fartura (SP)” Lembra “Consegui passar pelo RADAR, e consegui um vaga para montar na etapa de Pacaembu (SP)”
E como a mais bela história, com um final feliz, Malaquias foi o campeão da etapa de Pacaembu e desde então, se firmou no Circuito como um dos melhores competidores da etapa passada.
A OPORTUNIDADE NA MAIORIA DAS VEZES NÃO VEM EM PARCELA ÚNICA
Muito se discute sobre falta de oportunidade para novos competidores. Mas, acredito que só realmente aproveitam as oportunidades aqueles que persistem, aqueles que esperam e aqueles que estão prontos para a oportunidade.
E Malaquias usou estes três pontos. Persistiu quando deu errado em Assis, estava fisicamente pronto, pois ninguém chega e vence a primeira etapa de um campeonato como o CRP por ‘sorte’.
E a parte mais difícil, a espera, ele praticou com maestria, pois, esta é a parte mais difícil e, para entender essa espera, você precisa entender como foi seu começo, até chegar onde chegou.
O COMEÇO DA HISTÓRIA
Sem condições apropriadas para treinamento, assim foi o início da carreira de Malaquias Castro. Aos vinte três anos de idade, começou a montar um pouco tarde, aos dezoito anos.
“Desde os seis anos de idade morei em sítio lidando e estando próximo de animais” Explica Malaquias. “Quando eu tinha doze anos, eu e meus irmãos começamos a montar brincando nos bezerros escondido dos meus pais. Mais por ilusão só. Não tinha nenhum incentivo, ou planos para continuar”
O tempo passou e a brincadeira passou junto com o tempo, pararam de montar, esqueceram. Ou fingiram que esqueceram.
Morando em Biquinhas, interior de Minas Gerais, volta e meia, alguém tocava no assunto, e os nomes, rodeio, montarias, rondava suas ideias. Só não espichava mais, porque não havia boiada, por lá, ou qualquer estrutura para praticar.
A vontade de montar voltou a tomar conta dos pensamentos de Malaquias, e em uma decisão, estilo aventureira, que mais tarde mudaria toda sua história. Resolveu ir para Itápolis, interior de São Paulo, participar de um curso de montarias com o tricampeão mundial Adriano Moraes.
“Eu não sabia nem para que lado era e, para te falar a verdade nem sei como conseguir chegar lá, mas deu tudo certo”
O curso foi um aprendizado muito grande, ele voltou para casa, mas com o olho para trás, na estrada de volta para Itápolis, cidade que ele gostou muito.
Em Minas Gerais, foi finalista em um rodeio perto de sua casa, e retornou para mais um curso em Itápolis, com Adriano Moraes novamente.
Amizades foram feitas, conhecimento foi adquirido, Malaquias foi para Minas Gerais outras vez, mas, em 2015 surgiu a oportunidade de ele trabalhar com um dono de boiada em Itápolis, um mês depois, ele chegou na Cia de Rodeio Madrugada, no mesmo município, onde está até hoje.
“Deixei tudo em Minas Gerais, fui recebido como um filho pela família do Sr. Madrugada” Lembra sobre o momento
Ele conseguiu uma oportunidade de estar em uma grande companhia de rodeio, mas, as coisas não saíram como ele planejava, foi em apenas dois rodeios naquele ano e, não foi muito bem, o motivo, ele mesmo explica:
“Sempre tive uma vontade enorme de treinar e, quando cheguei aqui, entrei de cabeça nos treinos, em touros de rodeio, acredito que fisicamente não estava tão bem, longo arrumei uma distensão na perna” Explica “Não desanimei, continuei montando nos torneios da região, montei no rodeio da minha cidade, onde consegui meu primeiro título de campeão da carreira”
Continuou seu sonho em 2016, montando em rodeio com distensão na perna, venceu torneios, ganhou sua primeira moto, um momento unicamente feliz em sua carreira, mas, a perna continuava machucada.
Aí entra a espera, pois, ele havia conseguido um lugar para se estabelecer, um lugar para ficar, havia ganho rodeios, prêmios, mas a perna ainda o incomodava e acredito eu que ele tomou uma decisão sábia em sua carreira. Parou, deu um tempo, quatro meses para ser mais exato. Curou, fortaleceu a perna e voltou.
“Quando voltei a treinar, foi totalmente diferente, a dor não existia mais, fiquei feliz e motivado” Lembra “Não sou de pedir as coisas para os outros, sou paciente, e devagar fui construindo meu caminho, até chegar ao RADAR e o final desta história você já leu lá no começo.
Malaquias terminou a temporada 2018 em oitavo lugar, em segundo no ranking de revelação do ano, montou em 88 touros vencendo 61, com um aproveitamento de 69%. Foi campeão das etapas de Pacaembu (SP) e Sabino (SP).
“Não vou mentir que fiquei um pouco pressionado quando comecei no CRP, mas fui me adaptando e segui meu caminho, agradeço a Deus por todas as oportunidades” Finaliza