Treinamentos na chuva foram decisivos para atuação do campeão do RADAR do CRP em Tarumã
O RADAR do Circuito Rancho Primavera é muito mais que uma seletiva, é um verdadeiro teste de fogo para os competidores que almejavam uma vaga para seguir, ter uma oportunidade no CRP na temporada 2020.
Em Tarumã, interior de São Paulo, além de enfrentar touros e concorrentes pela vaga, os 123 competidores viveram o mesmo clima de uma etapa.
O evento tinha transmissão ao vivo, tinha tudo, a maioria dos profissionais de uma etapa normal e, tinha um clima tenso de disputa, afinal ninguém podia errar, pois, apenas dez competidores teriam a segunda oportunidade em uma etapa normal.
O grande campeão foi Mateus Paulino, de Naviraí (MS), foi o único a vencer todos os touros e ganhar vaga, já em Salmourão (SP), valendo um carro zero km.
Não tem como não lembrar de Naviraí, e não lembrar de Wingson Henrique, último campeão do RADAR e que depois veio a vencer o CRP e ganhar dois carros na mesma temporada.
Pois é, são primos, começaram juntos e Wingson tem participação direta, nessa conquista de Mateus.
A história de Mateus, é semelhante à de muitos e começou junto com a de Wingson. Quando Wingson fala que tinha um tio que montava, era o pai de Mateus, Moacir Arnaldo, o “Naldinho” de Naviraí (MS), um dos grandes competidores daquele estado.
Ele e Wingson foram pegando gosto pelo rodeio, porém, Mateus tinha medo.
“Eu tinha medo de montar, mesmo assim começamos a treinar aos dezesseis anos, logo, já me machuquei, antes de chegar ao rodeio, quebrei o fêmur, aí sim que as coisas pioraram fique afastado um tempo” Lembra Mateus “Ao invés de ficar com mais medo, tive coragem, ou melhor fui pegando mais gosto, aí que deu vontade de fazer aquilo, montar em touros, eu não podia terminar sem mesmo ter começado”
Depois de um ano sem montar ele voltou, foi para o Mato Grosso, e tinha um desempenho médio, vencia um touro, caia de outro, entrou em algumas finais, depois voltou para o Mato Grosso do Sul, disputou alguns rodeios com o Elias Venâncio (Rodeio e Cia), com Marcelo Azoia e foi trilhando seu caminho
“Meu primeiro rodeio, bolão, com touros profissionais, foi Novo Horizonte do Sul (MS), entrei na final, meu primeiro rodeio profissional mesmo foi na cidade de Amambai (MS), onde fui finalista” Lembra “Meu primeiro campeão foi em Culturama, distrito de Fátima do Sul (MS) e minha primeira moto foi em um rodeio internacional no Paraguai”
Porém, foi quando outro competidor de Naviraí (MS), Fábio Braz, venceu a Ekip Rozeta em 2018, indicou Mateus para ir nas etapas.
“Fui em uma etapa da Rozeta e fiu finalista e comecei bem lá, pontuando, quando o Wingson foi para o Radar em 2019, ele me chamou, pois começamos juntos, mas eu estava já pontuado, ranqueado na Rozeta então preferi ficar lá” Explica “Em 2019 comecei bem, fui finalista nos primeiros rodeios, depois acabei tendo uma distensão, fique um tempo fora, e quando voltei ganhei um rodeio ganhei um campeão lá na Rozeta”
Aos vinte e três anos de idade, Mateus, gosta de treinar, nas contusões, sempre se recuperou seguindo os conselhos médicos, mas com muito treino, tanto no chão quanto no touro.
“Preparo físico é tudo, evita muitas lesões e te deixa preparado para enfrentar os touros e as pancadas, pois, sabemos que isso vai acontecer todo o momento, como as lesões acontecem” Explica “Se podemos fazer algo para amenizar diminuir esses riscos, precisamos fazer, eu faço, de forma intensa ainda”
“A ideia de ir no RADAR veio pelo incentivo do meu pai, do meu tio Wilson Silva, o pai do Wingson e do próprio Wingson, já quero agradecer muito a eles, por tudo, pois, eu estava meio descapitalizado para pagar a inscrição, eles me ajudaram com isso, o apoio da família é tudo nesse esporte” Ressalta “O ‘Dogão’ da Cia DT foi uma peça importante, pois sempre fechava os touros para eu dar um treino”
“Eu treinei muito para esse RADAR, tanto no chão quanto em touros, fui para lá preparado, fui com muita esperança de conseguir uma das vagas, mas não que ia ser o campeão” Lembra “RADAR é um lugar para o competidor preparado, acredito que não é um lugar para quem está iniciando no rodeio, eu olhava e via cara que já ganhou carro, do meu lado, havia um nível muito grande, eu estava preparado, treinei muito para isso e deu certo”
No domingo, como todos viram uma forte chuva apimentou, ou complicou a disputa, na arena de Tarumã e, a chuva foi o diferencial para Mateus como ele nos conta
“Eu sempre treinei na chuva, ou melhor nunca deixei de treinar porquê estava chovendo e nunca fui de usa muita cola, que dá aderência na corda, e vi muitos competidores escapando a mão da corda, já que na chuva cola não funciona muito bem, eu não tive essa dificuldade, as vezes treinava sem cola também” Na semifinal eu peguei um touro muito difícil, precisei de toda concentração, e não me preocupei muito com chuva, cola, luva, estava confiante”
“Quando venci o animal da semifinal, aí sim, eu comecei a acreditar no título e graças a Deus, de tudo certo, vou ter as chances agora em cinco eventos, vou voltar a viajar com Wingson, como no começo de nossas carreiras” Explica “Agora será um novo desafio, mas vou continuar com a mesma dedicação e agarrar firme esta oportunidade, serão muitos carros na temporada e já vou no primeiro evento valendo um, então tenho que estar preparado, como estava no RADAR”
Por Eugênio José – MTB: 67.231/SP
Foto: Ricardo Mariotto / Joice Helena